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A emergência de regimes totalitários

  • Foto do escritor: Renata Duffles Andrade Amorim
    Renata Duffles Andrade Amorim
  • 8 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Foto: Reprodução/Blog Artigos Sobre Filmes


Baseado no experimento social da Terceira Onda, realizado pelo professor norte-americano Ron Jones, e inspirado no livro de Todd Strasser, o filme ‘A Onda’ conta a história de um professor, Rainer Wenger, que ao ministrar um curso de autocracia, resolve provar aos alunos que a política de manipulação de massa ainda é atual e de fácil aplicação.


Assim, Rainer estabelece um regime ditatorial que abrange, inicialmente, os limites da sala de aula. Desta forma, os alunos passam a ter a oportunidade de vivenciar um governo-autocrático na prática. Com o passar das aulas, aqueles que não concordam com a atividade empregada pelo professor, passam a ser excluídos do grupo, tentando em vão denunciar as práticas implementadas em sala.


Deste ponto em diante, algumas regras são impostas, como a forma que os alunos devem se dirigir ao professor, que torna-se o líder do grupo, e a conduta a ser empregada caso sejam realizadas perguntas. Além disso, o grupo também adotada uma saudação, o uso de uniforme e um símbolo para representá-los.


Diante de momentos de fragilidade social, seja por descrença governamental, injustiça social, desemprego, as pessoas tendem a acreditar em discursos populistas e que se aproveitam do momento fragilizado da população.


No filme, isso ocorre com Tim, um menino que possuí uma baixa interação social e diante do movimento criado por Rainer, sente surgir um novo propósito de vida ao se ver socialmente aceito. Quando surge uma ameaça ao movimento, Tim se desespera e toma atitudes drásticas para evitar que o grupo se dissipe e ele volte a ser sozinho.


O experimento abordado no filme, foi efetivamente realizado em 1967 na Cubberley High School em Palo Alto, Califórnia, pelo professor de história Ron Jones. A ideia surgiu na tentativa de explicar aos alunos como era possível a população alemã alegar desconhecimento do extermínio judaico.


Apesar de não ter sido muito bem documentado na época, o movimento apelidado de “A Terceira Onda” tinha como objetivo a eliminação da democracia, pois esta enfatizava a individualidade, dissipando a força obtida através da união, da disciplina e do orgulho.


Nos dias atuais, adolescentes do Colégio Santa Maria, um dos colégios particulares mais tradicionais da Zona Sul de Recife, fizeram saudações nazistas em uma sala de aula. A foto postada na conta @militancia.2020 mostrava um grupo de dez aluno fazendo a clássica saudação nazista, sendo que o pretenso líder se colocou diante deles em um palanque.



Foto: Reprodução/Rede Social A mensagem divulgada informava a candidatura de um membro do grupo a orador, sendo que este prometia ser “o novo fürher da série nessa caminhada para a construção de um novo e inovador reich”. Em sua propagando, este ainda promete ser o melhor orador da história do colégio, preenchendo todos os requisitos para tal. Por mais absurdo que possa parecer, para que um governante autocrático chegue ao poder, basta que este seja eleito pela população. As pessoas, deliberadamente o escolhem como seu representante, entregando a este uma parte de sua liberdade e o elegendo sobre promessas de mudanças e diante de situações econômicas, políticas e sociais frágeis. Em janeiro de 2019, a Veja noticiou que o Brasil, diante da eleição do presidente Jair Bolsonaro, havia entrado para a lista de países com governo autocrático. Isso ocorreu por conta da falta de compromisso do líder brasileiro do poder executivo, com a democracia. De acordo com o diretor-executivo do Observatório de Direitos Humanos, Kenneth Roth, nos dias atuais, os supostos autocratas emergem de ambientes democráticos, “primeiro, demoniza minorias vulneráveis, utilizando-as como bodes expiatórios para conquistar o apoio popular; e, então, enfraquece os pesos e contrapesos do poder público, necessários para preservar os direitos humanos e o Estado de Direito, como o Judiciário independente, uma imprensa livre e vigorosos grupos da sociedade civil”. Em seu discurso, Roth ainda aponta que tais lideres não costumam solucionar os problemas apontados em suas campanhas eleitorais. Desta forma, pensando no mundo de hoje, o surgimento de regimes neste modelo exibido pelo filme “A Onda”, não só seria possível, como já ocorre. Tendo a já mencionado presidente da república do Brasil, Jair Bolsonaro, como à Rússia, com Vladimir Putin, e a Venezuela, com Nicolás Maduro.

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